Carta aberta para quem gosta de carta aberta
Publiquei o texto abaixo originalmente no feicebuque, no dia 5 de junho de 2014. Como o Zuck é um moralista que criou um sistema fechado, disponibilizo-o aqui também, pois quem não gosta de rede sociais também poderá, em tese (supondo se houver interesse), lê-lo.
No último final de semana, nas palavras de um governista, o acusei
de sofrer de "Síndrome de Godwin". Não, disse literalmente que ele
aplica a lei de Godwin para prejudicar um militante de reputação
ilibada - até porque a expressão "Síndrome de Godwin" não existe. Como
ele não se dá o trabalho de citar o meu nome, não perderei o meu tempo
de citar o dele, o que poupa o leitor desses detalhes provincianos. O
importante mesmo a se destacar é que a esquerda governista há muito se
igualou à extrema-direita. Persegue militantes de esquerda que não
dizem amém a todas as ações do governo Dilma/Lula com a mesma fúria de
neonazistas. O pior de tudo nem é tentar desqualificar militantes que
se recusam ao papel de vaquinhas de presépio. A pior desonestidade
intelectual dos governistas fanáticos é imputar a estes militantes uma
suposta "criminalização da política". É o cúmulo do cinismo, pois se há
criminalização da política, ela parte das draconianas medidas do
governo em criminalizar militantes que saem às ruas, o inclui uma
proposta de lei antiterrorismo que enquadra manifestantes na mesma
categoria de terroristas. Se o governo e os governistas odeiam
militantes de esquerda, odeiam mais ainda anarquistas e quaisquer
movimentos que repudiam lideranças claras, como o MPL - portanto, se as
temerárias acusações de formação de quadrilha são risíveis diante de
ações políticas que valorizam individualidades, acena-se com uma
generalização criminosa para calar dissidentes.
Se a
extrema-direita avança, é com a cumplicidade da "esquerda" governista.
Se a "esquerda" governista se diferenciasse como uma opção de esquerda,
não haveria a percepção popular de que todos os políticos são iguais.
Enquanto no Uruguai há um Mujica abraçando todas as bandeiras da
esquerda, no Brasil a presidente Dilma rechaça todas para se irmanar a
evangélicos fundamentalistas e ao agronegócio na perseguição a direitos
de índios, da comunidade LGBT e outras minorias. O Brasil é um caso
bizarro: direitistas acham que o PT é comunista e petistas
fundamentalistas acham que o PT é de esquerda. Ressalto que não
generalizo todo evangélico ou petista: a maioria que conheço
pessoalmente é tolerante.
Para fechar, faço minhas as palavras de Bruno Karnov: "O
único consolo de morar num país onde a esquerda partidária é uma piada
é saber que a direita tá mais enterrada na merda ainda. Sem chiliques,
petistas. A eleição é de vocês (também se não ganhar do Aécio fecha
essa igreja).".