Tuesday, February 28, 2006

Carnaval é uma merda

Lembro quando comecei a achar o carnaval algo idiota. A explosão da Challenger foi em 1986, e no carnaval daquele ano (ou no do seguinte, mas pelo que me lembro a explosão foi no início de 86, então foi naquele carnaval mesmo) meus pais me levaram para uma matinê junto com meus irmãos.
Lembro-me de andar na praça para chegar ao local, de estar um clima legal, de ver crianças soltando bolhas de sabão. Então entramos no salão: um monte de criancinhas chatas correndo de um lado pro outro, aquelas músicas de sempre. Não entendi porque se pagava pra entrar lá. Estava chato, mas não estava horrível. Talvez meus irmãos tenham se divertido, não me lembro mais. Não foi nada marcante, exceto por um detalhe: uma das pinturas nas paredes era a da explosão da Challenger. Mesmo aos onze anos, achei o cúmulo da idiotice; o que tem a ver a morte de sete astronautas com uma festa teoricamente alegre? Isso tinha que ser em uma cidadezinha besta como Poços de Caldas mesmo. Hoje vejo como isso é relacionado com a mentalidade provinciana da cidade, que cultua tudo que é arcaico. Os tabaréus comemoram mesmo a explosão de qualquer um que possa significar conhecimento real para a humanidade.
Depois disso, comecei a reparar o que era o carnaval, na real: um monte de idiotas se divertindo à custa dos outros. Bem naquele estilo Jorge Perdigoto, a paródia de carnavalescos cafajestes feita pelos caras do Hermes e Renato.
No fim da adolescência, capitulei e até enchi a cara em alguns carnavais, mas os melhores que passei foram os que me diverti de verdade, longe de imbecis.

Friday, February 24, 2006

Sonho foda

Tive esse sonho domingo passado: primeiro, estava passando em frente a uma casa onde uma banda estava tocando Home of the Brave, minha música favorita do Naked Raygun, uma banda de pós punk/hardcore dos anos oitenta. Muito legal sonhar com isso. Entrei na casa, dei uma olhadinha na banda e vi que meu irmão estava tocando guitarra com eles.
Aí eu saí, encontrei com uns amigos (não lembro quem, eles não tinham rosto, mas sentia que eram pessoas em quem confiava), e fui parar em uma igreja. Eles insistiram para que eu entrasse; não queria ir, mas acabei entrando. Era uma catedral enorme, bonita, tinha muita gente. Eles começaram a zoar e rir; falei que já que havíamos entrado tínhamos mais que ficar quietos, e então o padre pediu silêncio. Todos ficaram quietos. Ele disse então que ia passar um filme sobre a guerra, e que ele achava que a trilha sonora desses filmes estimulava a violência. As pessoas deveriam refletir sobre o mau uso da música ao assistir ao filme, segundo o discurso do padre.
Então aparece do nada um telão em cima do púlpito, e começa a passar um filme com uma película que parece muito envelhecida, típica dos anos setenta. É um travelling de uma câmera sobre um campo ondulado onde há algumas moitas cortadas de forma rente, serpenteando em labirintos mal definidos, com muito espaço entre elas. Em cima desse cenário de um verde pálido, aparece um letreiro escrito "Un film de Herzog", desse jeito erradão mesmo. Muito estranho sonhar com isso!
Então a câmera vai até uma moita, está tocando uma música baixinha e desafinada, com violinos, e aparece uma figura muito parecida com os personagens do Moebius! É um senhor oriental, com longas barbas brancas, meditando com os olhos fechados, vestindo uma túnica escura e um barrete, não sei bem como chamar isso, mas era uma espécie de chapéu pontudo e muito alto, e muito parecido mesmo com os desenhos do Moebius. Só que era uma pessoa real, um velhinho com muitos vincos no rosto, não é ninguém que eu conheça, mas a imagem era muito nítida nessa hora. Se eu ver esse velhinho na rua vai ser assustador, porque me lembro bem do rosto dele.
De repente, pára a música, e a imagem fica esmaecida e desfocada de novo. Ouço um grito, a câmera se vira para cima, e vejo o Klaus Kinski vestido de soldado, com uma arma na mão, descendo a suave colina. Ele parecia estar muito preocupado.
Agora fica tudo mais estranho. Não é mais um filme. Agora eu estou correndo atrás do Klaus Kinski, junto a outros soldados, até a um vale logo abaixo. Não é mais um filme, agora é "real". Descemos até uma casa que fica em um cenário bem diferente do que havia antes: é um vale com um rio sem margens, mas com taludes arenosos, no meio dos quais cresciam uns arbustos mirrados. O Klaus Kinski entrou dentro de uma casinha, e fiquei lá parado, com os outros soldados.
Um soldado me diz que tínhamos que proteger o Brasil, custe o que custar. Ele me explica que os únicos inimigos reais naquele lugar, no entanto, são as cobras. Aí saímos para fazer uma patrulha debaixo de um sol forte, do meio dia mesmo, e eu podia sentir o calor. Aí começam a aparecer umas cobras de trás de umas moitas, elas eram azuis e enormes, e começavam a vir em nossa direção, mostrando as línguas bipartidas. Meu parceiro (não vi o rosto dele) atirou na cabeça de uma, e eu atirei na cabeça de outra. Ele queria chegar perto para verificar se elas haviam morrido mesmo, mas eu não queria. Eu o vi chutando uma, enorme, parecia aquelas surucucus musculosas, e ela estava inerte.
Continuamos andando, e quando menos esperávamos, somos cercados por várias cobras. Comecei a atirar nelas, mas não adiantava. Elas enfiavam a cabeça azul na areia, e acertávamos apenas o corpo delas. Elas continuavam vivas e avançando, e tiravam a cabeça da areia por tão pouco tempo que não conseguíamos mirar. Não me perguntem o porquê, mas esse era o único modo delas morrerem.
Então eu e meu colegas corremos talude abaixo, olhamos para o rio, que era cheio de pedras pontiagudas no seu leito raso, e concordamos que não havia como pular. O que aparece no meu sonho nessa hora? Uma música orquestrada de filme de ação, estilo John Williams. Eu estava dentro do filme que estava passando na igreja, vivendo-o como se fosse a minha realidade. Bizarro, hein?
Conclusão emocionante: nossos colegas soldados derrubam uma árvore do outro lado do rio, nós subimos nela e saímos correndo. Ouço os disparos deles, mirando nas cobras, mas não olho para trás. Apenas me lembro de ouvir alguém gritando "Isso é culpa dos ecologistas, que deixaram esses bichos procriarem à vontade!".
Nessa hora acordei sobressaltado. Levantei, já era de manhã. Fui tomar café tranqüilamente. Duas curiosidades: na semana anterior, havia escutado uma versão ao vivo de Home of the Brave no My Space, na página do The Bomb (a nova banda do Jeff Pezzati, o ex-vocalista do Naked Raygun). E no dia anterior havia visto um pedacinho do Anaconda, aquele filme de merda. Estranho como o cérebro processa as informações, não sei explicar porque apareceram tantas outras referências neste sonho.

Wednesday, February 08, 2006

Ouvindo a conversa dos outros

Hoje, indo almoçar, ouvi uns moleques conversando a respeito de um sujeito que tinha uma tatuagem de um caixão, com a inscrição "Reservado para a PM". Quando paramos no semáforo para esperar os carros passarem, não resisti: virei para o lado e perguntei quem tinha essa tatuagem. Um dos moleques respondeu, meio constrangido, que era um amigo dele. Fiquei com um pouco de pena, ri e disse "Da hora, falou aí". Mas não devia ter falado isso apenas por ter ficado com dó do molequinho, isso é meio que aprovar algo idiota. A idéia dessa tatuagem aí tem meio cara de ser alguém pagando pau para um desses gangsta rappers da vida. Mesmo se não for o caso, e o amigo desse moleque tenha tido uma idéia original, ele que passe longe de encrencas e da PM.

Já era

Apaguei o post anterior porque não consegui carregar a imagem do South Park, mas foda-se, não era nada importante mesmo (a quem interessar possa: falava que queria ser um desenho animado; que sonhava com algo como o Cartoon Network quando era criança, mas agora que ele existe não posso ficar o dia inteiro assistindo TV; e que dias de chuva são bons para se ficar em casa, é muita crueldade ter que sair para trabalhar nesses dias).
Aliás, acho que o certo lá atrás seria dizer "O melhor casamento ao qual já fui", mas foda-se também, esse vou deixar do jeito que está.