...retomo esse blog com uma crítica de filme publicada na edição deste mês do jornal do Sindicato dos Trabalhadores do Ramo Financeiro do sul de Minas.Assim que puder, ponha as mãos em Não por acaso
Por Daniel Souza Luz
Quando este jornal sair, o filme Não Por Acaso não deverá mais estar em cartaz nos cinemas, mas vale a pena procurá-lo em DVD, assim que estiver disponível. É o longa-metragem de estréia do cineasta Philippe Barcinski, diretor do marcante curta-metragem Palíndromo e de outros curtas experimentais. Não Por Acaso tem um ponto de partida já um tanto desgastado, o da tragédia que reúne pessoas, para narrar uma história quase rarefeita. Por isso mesmo, é surpreendente que seja tão prazeroso de se assistir.
O filme tem como personagens centrais Pedro (Rodrigo Santoro) e Ênio (Leonardo Medeiros), dois homens extremamente conservadores; não no sentido político, mas pessoal. O primeiro é convicto: segue a profissão do pai (fabricante de mesas de sinuca e jogador profissional do esporte) e gosta tanto de manter tudo como está que pressiona a namorada Teresa (Branca Messina) a morar na casa onde sempre viveu. O segundo é marcado pela covardia: esconde-se do mundo após o fim de uma relação amorosa e também da filha Bia (Rita Batata), resultado deste relacionamento.
No entanto, a imprevisibilidade da vida os tirará da situação estável a que aspiram. Apesar das ações de um influenciarem a vida do outro e vice-versa, o roteiro tem o mérito de não forçar absolutamente nenhum encontro dos personagens. Outro grande destaque são as interpretações, sutis e contidas. O elenco também conta com Letícia Sabatella, Cássia Kiss e Graziella Moretto.
Daniel Souza Luz é jornalista