Crônica
Publiquei essa crônica no número zero da revista Ops!, em outubro de 2004. Era um projeto de final de curso em forma de revista sobre sexualidade, orientado pela professora Socorro Veloso, do curso de jornalismo de São João da Boa Vista (SP) - no qual minha namorada se formou. O mais legal a respeito dessa crônica foi a ilustração que o escritor Chico Lopes (autor de Nó de Sombras) fez para ela. O Chico é um escritor de verdade, algo raro em um meio cheio de gente pretensiosa e sem talento. Quem quiser ver a ilustração que procure a revista na biblioteca da faculdade. Nessa crônica usei narrativa em forma de fluxo contínuo de pensamento (o famoso fluxo de consciência); foi a segunda vez que fiz isso.
Finda a noite de sexta; sábado será só diversão
Aquela lambisgóia uma tremenda de uma topeira ainda por cima se meter com economia é muita petulância não sabe nem fazer conta tem que usar os dedos parece um robô preciso me organizar é mais negócio deixar pra pagar a Dani outra hora aquela invejosa com seus vestidos decotados todo mundo acha grande ela é que me paga esse babão sempre olha praqueles negócios caídos mas agora não tira os olhos de mim podia fazer isto o dia inteiro vou fazer a unha primeiro a loja abre depois é melhor vou para lá assim que abrir é só acordar cedo e aproveitar o salão da Rita aberto tomara que aquela saia ainda esteja em promoção dava para levar também o vestidinho que estava na vitrine vai combinar direitinho com o sapato novo devia ter pensado nisto antes e comprado dava para usar um com o outro perfeitamente antigamente eu era mais esperta seria mais inteligente deixar de lado o perfume voltava lá e pagava com cheque outro dia nossa como tá pesado não sai dessa lengalenga já passou dos dez minutos que está nesta é só fechar os olhos e não abrir até na hora vou mexer mais um pouco e pronto já acaba é bom mesmo a novela começa logo tomara que dê tempo de trocar o celular ainda de manhã à tarde não é bom passar no...
- Nossa, como você está quente hoje. Deu tudo certinho. Gozou, meu amor?
- Nunca foi tão bom, querido. Estava nas nuvens.