Tuesday, July 25, 2006
Além do Cidadão Kane (Beyond Citizen Kane) é um documentário muito bom. Lembro-me que a melhor edição da revista General tinha várias matérias sobre mídia, e uma das melhores era uma entrevista com o produtor, cujo nome agora me escapa. O único detalhe que a matéria deixou de lado - e que descobri em algum site qualquer na internet há pouco tempo - é que o documentário teria sido financiado por uma emissora que estaria incomodada com o investimento da Globo na malfadada Telemontecarlo (Teria sido a própria BBC a financiadora do documentário? Não me lembro mais, só sei que o Channel 4 da BBC foi o exibidor na Grã Bretanha). Bem, talvez isso seja mentira, a internet é cheia de bobagens, mas se for verdade, não tira em nada o mérito do documentário e das informações que ele levantou, afinal o diretor Simon Hartog há muito tempo se preocupava com o tema e trabalhava nisso. Mesmo que para finalizar o trabalho ele tenha recebido verbas de pessoas que não tinham interesses tão educadores quanto os dele, isto não significa que as informações apuradas ali não sejam críveis. Tanto que a reação da Globo foi recorrer a expedientes legais para barrar a exibição do documentário no Brasil, e não contestar as informações (que eram bem conhecidas no meio jornalístico). Infelizmente, pelo que me lembro da matéria na General, Hartog morreu antes de ver o documentário exibido.
Tudo isso para contextualizar o seguinte: o vídeo abaixo, que mostra as canalhices do Edir Macedo e da Igreja Universal, tem sido divulgado agora pela internet por quem não gosta de manipulação religiosa. No entanto, pelo que percebo, ninguém explica que ele foi exibido durante a chamada "guerra religiosa" entre a Globo e a Record, em meados dos anos 90. Lembro-me bem de quando esta matéria foi exibida, logo após a troca de farpas entre as duas emissoras, desencadeada pelos patéticos chutes do pastor Sérgio Von Helder em uma imagem de Nossa Senhora em um programa de lavagem cerebral exibido pela Record em 1995. A Globo fez críticas que foram tomadas como concorrenciais. No auge da briga, a matéria constante no link abaixo é demolidora. Que beleza este You Tube, enquanto ele for gratuito, pelo menos - será que a Globo também vai censurar a exibição dessa matéria e retirar esse link, alegando que o uso das imagens geradas pela emissora não foram autorizadas, assim como eles fizeram com o Além do Cidadão Kane? Pena que tudo continuou quase que na mesma para a Igreja Universal, mesmo com toda a desfaçatez que também assisti na época. Agora as novas gerações tem a chance de testemunhar isso. A ironia é: como no caso do Além do Cidadão Kane, os interesses por trás (se é que houve motivações ocultas na produção do documentário...) não importam muito. No final das contas, as informações e imagens levantadas não foram questionadas pelos envolvidos, por motivos óbvios.
http://www.youtube.com/watch?v=My6_faauym8&mode=related&search=
Monday, July 24, 2006
Un chien andaluzia
Ken Park teve exatamente a metade do fluxo normal de pessoas que estavam indo no cineclube. Normal, já esperava. É um dos filmes mais perturbadores que já vi. Suponho que tenha mexido com o imaginário da molecada que foi assistir. Os Reis de Dogtown, para minha surpresa, já deixou um amigo meu preocupado com o futuro, segundo me relatou sua namorada, pois ele ficou encanado com a trajetória de Jay Adams. Ou seja, o mais talentoso é o que mais se fudeu na vida. Fico imaginando o que pensaram a respeito de Ken Park. Se entenderam que o principal ali não eram as cenas explícitas (embora a questão sexual também seja importante), vão se deparar ali com questões muito mais profundas sobre perspectiva de vida enquanto ainda se é adolescente, com todas as condições pré-determinadas por conflitos familiares e outros fatores limitadores.
Bem, essa quinta, meia hora antes do tradicional sarau de poesia no Teatro Nicionelly Carvalho(que também começa às oito da noite), tem a primeira edição do "Curta no Sarau", para manter o cineclube ativo quando o sarau ocupar o lugar, sempre na última quinta-feira de cada mês. Para começar do modo mais fodaço possível, nada melhor do que o Um Cão Andaluz, do Buñuel e do Salvador Dalí, pode crer? Apareçam.
Tuesday, July 18, 2006
Ken Park
Quinta-feira, às oito da noite, teremos Ken Park no cineclube. Parece que o filme de Larry Clark (o diretor de Kids) é bem foda. Veremos. Eu não assiti ainda, e acabei de descobrir que o filme tem um co-diretor, Edward Lachman. Apareçam no Pilotis do Manhattan, é de graça, como de costume. Faz parte do ciclo sobre skate, mas não é sobre o esporte nem é algo alegre. O protagonista é um skatista, só isso. Preparem-se, com certeza não é algo para espíritos sensíveis.
Friday, July 14, 2006
Deu certo novamente
O mesmo número de pessoas que compareceu à primeira sessão do cineclube apareceu ontem na segunda sessão para assistir Os Reis de Dogtown. Uma ou outra carinha diferente, então também houve uma renovação. Nem todo mundo era skatista, o que também é legal. O boca-a-boca deu muito certo. Era isso que interessava.
O filme não é tão bom quanto o documentário. O roteiro simplifica e altera muitos detalhes da vida real - o que é até aceitável - para conseguir um efeito dramático meio manjado - o que é questionável. Stacy Peralta não parece ser tão bom na ficção quanto é no documentário ou nos clássicos filmes de skate em que esteve envolvido. O mérito da diretora é que as atuações estão bacanas e a reconstituição da época é quase perfeita - pelo menos pelo que se pode observar pelo documentário. As cenas de skate são extremamente velozes, talvez até mais do que na época. Algumas manobras de street me parecem que devem ter sido inventadas depois. O único erro de fato na continuidade temporal que notei, no entanto, foi na cena em que Skip Engblom (interpretado por Heather Ledger, um dos cowboys gays de Brokeback Mountain) e outros shapers estão ouvindo Mongoloid, do Devo, em 1975. Esta música é do primeiro disco do Devo, que só foi lançado em 1978. A sequência do Rise Against interpretando o Black Flag é muito legal. Embora o som esteja um pouco diferente e o vocal seja muito mais grave, o vocalista estava perfeitamente caracterizado como Keith Morris. Reconheci imediatamente.
Para mim, o que interessa é que se tenho informação suficiente para conhecer essa cultura e levá-la para a molecada conhecer suas raízes ou outras realidades, eu e meus amigos vamos fazer o que podemos para compensar a falta de alternativas culturais imposta por quem tem o poder nas mãos e só usa isso para promover a ignorância ou interesses comerciais. Certo, mano?
Thursday, July 13, 2006
Os Reis da Cidade dos Cães
Já ia me esquecendo que prometi avisar: programei para passar hoje no cineclube o filme que conta as histórias de Jay Adams, Tony Alva e Stacy Peralta, entre outros dos primeiros fodões do skate (trata-se de uma biopic, portanto). O roteiro de Os Reis de Dogtown é do próprio Stacy Peralta, e o filme foi dirigido por Catherine Hardwicke (a mesma de Aos Treze). Com certeza será legal. Quem for de Shit City é só colar no pilotis do Manhattan, às oito da noite, que a exibição é na faixa. Mesmo batlugar e bathorário de sempre, portanto.
Wednesday, July 12, 2006
Miniconto perdido
Rascunhei isso ontem num guardanapo em um bar e esqueci lá. O bom a respeito disso é que nunca iria publicar esse texto, ia apenas guardá-lo para quem sabe um dia burilá-lo, mas vou pôr aqui antes que algum mané resolva plagiar (claro, isso é praticamente impossível, o guardanapo deve ter sido jogado fora e ninguém se interessa em leitura mesmo, mas vai saber...). Era mais ou menos isso que está aí embaixo.
NUNCA MAIS
Você nada me contou. Permanecerá deitada até que um dia a alcance. Sempre que algo assim acontecia, nos detestávamos por alguns dias. No entanto, nos odiaríamos inelutavelmente se eu soubesse desta. Deveria não me importar contigo, mas sinto muita saudade e só consigo pensar coisas boas a seu respeito. Grato pela omissão.
Friday, July 07, 2006
Uma pequena vitória nesta vida difícil
A idéia não foi minha, foi do meu amigo Morte. Ele quis reativar o cineclube da Cia Bella de Artes. Pedi para entrar na parada como coordenador, junto com ele. Fizemos juntos um corre semana passada e esta semana ele foi viajar e tenho que agradecer ele por isso também, pois tomei a iniciativa de programar um ciclo de filmes sobre skate e corri atrás da galerinha mais nova para fazer virar o lance. Claro, tive a proverbial ajuda dos próprios skatistas amigos que avisaram o pessoal. Ontem à noite, na base do boca-a-boca, pusemos 27 pessoas lá para ver o documentário Dogtown and the Z-Boys – Onde Tudo Começou, do Stacy Peralta. Foi do caralho, pode parecer pouca gente, mas foi tudo na base da informalidade e do interesse espontâneo. O release que fiz sobre o reinício das sessões de cineclube, que agora se chama “Luz, Câmera, Reflexão”, não foi publicado em lugar algum e nem anunciado nas rádios e tv, pois a Cia Bella de Artes teve (compreensíveis) problemas para enviá-lo.
Estou extremamente satisfeito de ajudar o pessoal mais novo do skate a conhecer a história do esporte e algo que faz parte de suas raízes, pois o documentário é exemplar, extremamente bem feito e informativo, com entrevistas e imagens originais dos anos setenta dos grandes nomes do esporte, tais como Jay Adams e Tony Alva. Sem contar que aparecem personalidades de outros meios que mostram como o skate tem uma cultura própria e com boas referências: Henry Rollins (Black Flag, Rollins Band), Ian Mackaye (Minor Threat, Fugazi, The Evens) e Jeff Ament (Pearl Jam) mostram a ligação do skate com a música; Glen E. Friedman e Tony Friedkin com a fotografia; Jeff Ho e outras figuraças fazem o elo com o surf; e estes últimos e todos os Z-Boys retratados dão uma aula de criatividade e personalidade para inventar desafios. A última frase pode parecer estas babaquices de auto-ajuda, mas o documentário demonstra como o destino de alguns deles não corresponde exatamente ao potencial de cada um. Tal como a vida. Enfim, mesmo sendo extremamente desorganizado, consegui organizar algo bom e concretizar uma idéia da qual gosto. Obviamente, com ajuda dos amigos, mas este começo de programação saiu da minha cabeça dura. Estou mais feliz ainda que meu grande amigo Limão se prontificou nos ajudar direto a partir de agora.
Este mês ainda rola Os Reis de Dogtown e Ken Park. Mês que vem, cinema latino-americano, com Buñuel, Andrés Wood e outros cineastas fodões. Depois, o que vier da cabeça do Morte (fissurado em filmes de samurai) e do Limão – que já um monte de idéias legais para dinamizar o negócio. Toda quinta-feira às oito da noite tem filme na faixa. Vai ser da hora. Já está sendo. Para quem também mora em Shit City (o apelido que inventei para minha cidade natal - acho que vem bem a calhar, quando era adolescente morava perto da av. João Pinheiro e sempre me lembro da falta do que fazer e do cheiro de merda deixado pelas charretes quando tinha que ir até ao centro) e estiver a fim de ir pode acompanhar a programação por aqui, pois vou avisar sobre todas as sessões.