Tapete vermelho
Enfim, é uma homenagem ao universo caipira (especificamente paulista), com a qual nunca me identifiquei por ter uma vida muito urbana e por ter sempre detestado os imbecis retrógrados da minha cidade que acham que essa é "a verdadeira cultura brasileira" e outras merdas assim, mas que conheço mais ou menos por ter nascido no sul de Minas. Porém, o filme não fica só nisso. Apesar de ser tão simpático quanto A Marvada Carne, Tapete Vermelho aborda assuntos como reforma agrária, a vida de crianças de rua e outras questões sociais. Pena que o diretor Luiz Alberto Pereira padeça de um esquerdismo muito didático, abordando todas essas questões muito superficialmente. O roteiro (co-assinado por ele) simplesmente abandona o destino do sem-terra assassinado e as crianças de rua que acompanham o filho do caipira Quinzinho (Mateus Nachtergaele) assim que a função de "denúncia" é cumprida. Talvez seja proposital, assim como certas presepadas que apareçam na tela na verdade, pensando bem, provavelmente sejam homenagens ao cinema ingênuo de Mazaroppi. Quem sabe o objetivo seja mesmo demonstrar que esses personagens acabam esquecidos? Porém, fica uma sensação que a trama foi mal amarrada mesmo. Perdoando esses furos, é um filme divertido, apesar das passagens sérias. E ainda dá para aprender algo sobre a cultura em questão, como o mito da cobra que rouba o leite dos recém-nascidos. Minha namorada me contou que é uma lenda conhecida na roça da minha região, mas eu nunca havia ouvido falar. Como disse, fui criado em um ambiente totalmente urbanizado, apesar das cobranças para valorizar "as coisas da nossa gente".